quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fado Tropical

Uma vez perguntei para minha mãe se eu possuía alguma descendência étnica, ela insistiu que não...
Tá bom... se, depois de cinco gerações, o que eu possuo não são problemas hormonais (comprovado que não são) nem o sangue português que ela tanto negou, não sei o que é.

terça-feira, 13 de julho de 2010

The Day the Music Dies (Uma parte da vida com o Rock) – Um post em 1ª pessoa


Dia 13 de Julho, o dia mundial do Rock e me pergunto se o Rock ainda está vivo ou em coma induzido... Pelo menos no mainstream está.
                Me lembro quando era mais nova, lá pelos idos da minha pré-adolescência, dos 12 aos meus 14 anos me iniciei nessa vida de sexo, drogas e rock and roll... tá, só Roque Enrow* mesmo. Naquela época éramos eu e meu grupinho do colégio, todos fazendo roda e cantando das bandas clássicas que tocavam na falecida Rádio Cidade (que o Deus do Rock a tenha, e acima de tudo, que a tenha perdoado pelos seus deslizes no final), bandas como Legião Urbana, Barão Vermelho, Cazuza, Paralamas, Raimundos (essa o povo adorava, nem precisa explicar porque), sem contar nas bandas internacionais, como Rage Against The Machine, Green Day, Red Hot, U2, The Police, Nirvana, etc.
                Fui viciada em rock durante bastante tempo, só ouvia a Rádio Cidade, tinha a MTV como única fonte de informação televisiva, só comentava sobre rock, esse era meu ar. Trocava figurinhas com todos que gostavam e entendiam de música (não que eu entenda), discutia quando falavam mal de alguma banda que eu amasse, é lógico que na época achava um crime alguém falar que Legião Urbana era ruim, cheguei a chorar quando não fui ao show do Silverchair, fiquei muito puta também quando não fui ao show do Red Hot e chorei mais um pouco por não ter ido no show dos Stones na praia.

Além de claro, ser uma poser (todo adolescente que gosta de rock já foi poser um dia), blusa de bandas, calças rasgadas, pulseira de algemas, coturnos ou chinelos, olhos pintados, só de pensar me dá vontade de soltar altas gargalhadas sobre isso, achava que o roqueiro de verdade tinha que andar daquele jeito, tinha que demonstrar o orgulho pelo som que ouvia, além de toda a rebeldia no vestuário, admito que era bem legal ver as pessoas me olhando espantadas, por conta da minha calça rasgada. Ainda bem que o tempo passa, vi que minha rebeldia era vazia, simplesmente era mais uma na massa que acreditava que era Kiko Loureiro na Terra e Deus no céu.

E o tempo continuou passando e comecei a perceber certos clichês que o rock possui, na realidade que o cenário musical em si possui, só diferencia o estilo musical, comecei a ver certas apelações como, por exemplo, quando o Nightwish** finalmente aparece no meio internacional, todos aqueles góticos surgindo por todos os lados, seus clipes cada vez mais apelativos (vide I Wish I Had an Angel). Seguindo nessa linha, porém de um modo diferente, vi a queda do Blink 182, que de uma banda de hardcore, vira emocore total, não que o cd seja ruim, mas foi a primeira banda de emocore que eu vi, adimito que até gostei, mas várias outras bandas apareceram no mesmo estilo com letras totalmente piegas, no Brasil por exemplo, tinha o CPM(erda) 22, todas aquelas letras chorosas de pés na bunda, dores de cotovelo eternas, foi o primeiro passo para odiar o emo, definitivamente, sem contar que as bandas mais populares eram todas “Mais do Mesmo”.
Até mesmo a MTV ganhou um aspecto diferente, até hoje não sei se fui eu, ou se foi a MTV Brasil que mudou, ou se fôssemos os dois, tem até uma comunidade que fala sobre isso “To ficando Velho ou MTV que está um Merda?”, até 2004, 2005 ela era suportável, adorava assistir ao Pulso MTV, Gordo a Gô Gô, etc., mas comecei a reparar de como ela deixou de ser aquela TV politicamente correta e passou a ser uma TV extremamente propagandista e isso me irritou profundamente.
Foi com essas novas perspectivas que percebi que o Rock vinha gradativamente morrendo, ou pelo menos o rock de que eu gostava tanto não tinha mais espaço, algumas poucas bandas como The Strokes, Franz Ferdinand ou Kaiser Chiefs  ainda defendiam um som um pouco clássico, mas mesmo assim é algo um tanto quanto local de mais, Strokes é uma banda muito Garagem Nova Yorquina enquanto que Franz é uma banda um tanto quanto Pub; por conta dessa tal “desilução” com a ideologia do Rock  me vi mais complacente quanto aos meus gostos musicais, passei a ouvir mais música brasileira, caí de cabeça no samba de raiz, além de me aventurar um pouquinho pelo rap, comecei a procurar mais por coisas novas como músicas latinas em geral (me apaixonei perdidamente por Gotan Project, Orishas, Mercedes Sossa), além de descobrir sons balcânicos, como Golgol Bordello, Beirut e Devotchka; já que as rádios não proporcionavam mais descobrimentos, nessa altura do campeonato a Rádio Cidade já havia acabado e a Oi Fm era um bomba, por conta disso me afastei de quase todo o tipo de rock and roll, apesar de ter baixado muitos cd’s não era mais antenada no meio cultural como era antes.
 Comecei a me reencontrar com este meio (essa foi romântica, rs) agora na faculdade, com tantas informações, pessoas novas, acabei achando a essência daquela menina de 12 anos que ouvia rock, claro que menos adepta à ideologias. Enfim, esse texto totalmente, egoísta e em primeiríssima pessoa, cheia de “eus” foi um desabafo, seguida de um protesto, sobre a saudade que tenho de uma época que não me pertenceu, mas que ainda pude ouvir, são poucas as vezes que posso falar que tal som é bom e que ela pertença ao rock, mesmo porque falar do o que é rock hoje é algo muito vago e ao mesmo tempo abrangente de mais, afinal de contas o pop agora é indie (não que não goste, curto muitas coisas quem vêm da Indie Music), porém indie é rock? Não é rock?
De fato o rock se encontra num estado de coma, ou eu que sou muito alienada, ou os dois, não quis dizer que não exista mais o Rock n’Roll, mas existem poucas bandas que o defenda, como por exemplo: The White Stripes e todos os projetos do Jack White, Foo Fighters, Pearl Jam, Metallica defendendo o metal (que se redimiu com o Death Magnetic, pois o Saint Anger realmente me deixou com raiva de tão ruim que foi aquele álbum), além do AC/DC que ressucitou das cinzas, entre muitas outras bandas, porém não são o suficiente para aquele espírito rock que tinha há uma década atrás. Ou será que era só impressão minha? O que sentia era só uma euforia por conta de toda a moda poser?? Vai saber...

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*Roque Enrow – tive que parafrasear Rita Lee em “Esse tal de Roque Enrow”
** Eu ainda escuto Nightwish, mas aprendi a ver a diferença entre o som da banda e a propaganda por trás dela.
*** Johnny Cash dá de 10 no Elvis
**** Odeio Beatles
A trilha de Hoje tem The Smiths, R.E.M., Pearl Já, Nirvana, The Cure, Siouxsie and The Banshees, Rush, Rage Against The Machine, Legião, Johnny Cash, The White Stripes, No Doubt, The Vines, Audioslave, Metallica, Temple of The Dog, Stone Temple Pilots, The Hives, Red Hot

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Esconderijo Perfeito

 Antes de começar, uma breve explicação: Pensar é a minha maior compulsão, porém poucas vezes a preguiça me dá folga para organizar meus pensamentos, esse final de semana foi um desses raros dias, eis a baixo um, dos muitos frutos (escritos ou em pensamentos).

   Por entre aquelas quatro paredes eles fizeram seu mundo, cheio de sussurros e gemidos, palavras doces e frases amargas que se misturavam e se perdiam em baixo dos lençóis jogados num canto.  Alí eles se inventavam, descontruíam e reconstruíam, ora reais ora fantasiosos, não tinham nomes,  bandido e mocinha, Pierrot e Colombina, Adão e Eva em seu próprio paraíso, onde se deleitavam com os frutos proibidos, não davam a mínima afinal eram também deuses. Não tinham pudores, deixaram todas as regras societárias em baixo do capacho, do outro lado da porta. Não davam a mínima se os vizinhos ouviam, o mundo poderia vir à baixo, já haviam incediado aquele quarto várias e várias vezes. Para eles pouco importava se era dia ou noite, estipulavam seu próprio horário, poderiam ter sido dias de luxúria, preguiça e gula, mas sabe-se lá se foram dias... poderia ter sido algumas horas, aquele momento foi eterno, pararam o tempo e fizeram durar semanas. Eles se bastavam, não tinham contas à pagar, se a luz fosse cortada, no escuro era mais interessante, improvizariam com velas, a fome que sentiam eram deles próprios, por vezes misturados no chocolate, ou temperados no suor, cada um queria levar um pedaço, puxões, arranhões e mordidas. Chegaram a tal ponto que não se comunicavam mais por palavras, conversavam por olhares, sentiam a vibração da pele do outro, juravam que chegaram a sentir um leve choque, quem sabe? Mas chega a hora de se afastarem, eles sabem que a distância é necessária, a pesar de sempre quererem mais, sabiam que na volta seria melhor e era boa aquela saudade que torturava e ao mesmo tempo lhes arrancavam sorrisos ao lembrarem aqueles momentos.

 E no meio tempo ela arruma seu mundo, esperando ansiosamente para que ele torne a vir a baixo...

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Trilha de hoje:
John Legend - Save Room (for my love)
                                           - PDA (We Just don't Care)
                                           - Another Again
Eryka Badu - Love of My Life
Joss Stone - Music